O brasileiro gasta aproximadamente 25% de sua renda com alimentação fora do lar, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O hábito comum nas grandes metrópoles está cada vez mais presente nas cidades pequenas, com dois fatores determinantes para isso: as famílias têm cada vez menos tempo e disposição para preparar as refeições em casa e querem cada vez mais novidades e variedades no cardápio.
Recente pesquisa realizada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) em 14 cidades brasileiras mostrou que 38% dos entrevistados afirmam que “não têm tempo para cozinhar em casa”. A tendência é que cada vez mais o consumidor queira facilidades ao fazer sua refeição, seja comendo em restaurantes, seja comprando comidas prontas para levar para casa ou trabalho.
Nesse cenário, os supermercados estão deixando de ser um revendedor de produtos alimentícios para se tornarem um espaço que oferece soluções ao consumidor, com lanchonetes, restaurantes, rotisseries e oferta de refeições prontas ou “to go” (para levar).
Estudos mostram que, a partir de 2014, as vendas de mercearia nos supermercados americanos foram superadas pelas vendas de serviços caracterizados como restaurantes, e a curva continua ascendente nos dias de hoje – ratificando que as pessoas estão deixando de ir ao supermercado para comprar ingredientes e passando a buscar soluções para suas necessidades.
Tantos nos EUA quanto na Europa os supermercados investem em restaurantes e lanchonetes como uma estratégia de diferenciação. Algumas redes são ainda mais ousadas, implantando bares e restaurantes especializados em comidas naturais, japonesas, italianas, sanduíches, entre outros.
Um restaurante dentro de uma loja de supermercado não é apenas mais um elemento para atrair clientes, mas uma das melhores formas de o empresário aproveitar as vantagens que tem ao seu redor e aumentar o faturamento. O supermercadista já dispõe de mercadorias e produtos alimentícios que são adquiridos com menor custo, pois são comprados no atacado, além do espaço e funcionários. O restaurante também pode ser a melhor forma de atender à necessidade de fornecer alimentação ao próprio colaborador do supermercado.
Há potencial a ser explorado no Brasil nesse mercado, porém, exige estratégia. A implantação de um restaurante conjugado ao supermercado deve ser feita com planejamento para que o negócio, ao invés do sucesso almejado, não se torne um grande fracasso. Este planejamento deve ser não apenas financeiro e administrativo, mas, especialmente, arquitetônico, promovendo a integração total entre os ambientes e fazendo com que ele seja funcional e atrativo visualmente. Um espaço onde o cliente tenha vontade de entrar e permanecer.
“O ambiente deve ser perfeitamente integrado, sabendo aproveitar o fluxo já existente na loja e oferecendo o serviço de restaurante com a qualidade que o consumidor deseja e espera em valores, qualidade e tecnologia”, destaca o economista e consultor Attilio Rondinelli, diretor da Total Varejo, empresa especializada em operação varejista, serviços de food service e retail design – conceito que usa a arquitetura como forma de proporcionar uma boa experiência de compra. A empresa atua por todo Mato Grosso, além de Rondônia, Minas Gerais, Amazonas, Tocantins e Distrito Federal.
“O empresário pode usar a potencialidade disponível de consumo e fornecimento, redesenhar o negócio e envolver os colaboradores para dar um salto na relação entre o supermercado e os consumidores”, reforça Attilio Rondinelli, especialista no setor varejista, com 40 anos de experiência na administração de grandes redes supermercadistas.
Planejamento é essencial para mudar e ter sucesso
A integração dos espaços exige planejamento e pesquisa. O retail design, por exemplo, dá ao cliente uma experiência agradável de compra. O conceito projeta o espaço considerando cores, iluminação, comunicação visual, equipe de vendas e produto – formando um ambiente harmônico e funcional.
O resultado reflete diretamente no ganho para o negócio, como aconteceu com o Sorriso Supermercados, que viu seu faturamento crescer 30% após passar por uma ampla reforma. Após 38 anos atuando na cidade de Sorriso, os proprietários buscaram a Total Varejo para planejar e executar a reformulação da loja, finalizada em dezembro de 2018.
“O projeto foi ousado, até fiquei com medo quando vi, mas o resultado foi incrível, não tem quem não goste, os clientes adoram. Mudou tudo, espaços, áreas de venda, iluminação. Em menos de um ano da reforma, nosso faturamento aumentou em 30%”, conta a empresária Ana Paula Albert Soares.
Já um espaço mal planejado pode encarecer a área operacional do varejo, exigindo um maior número de funcionários, além de deixar espaços ociosos e tornar a experiência de compra do cliente desconfortável e demorada.
Attilio Rondinelli, da Total Varejo, explica que a maioria dos pequenos e médios empresários ainda não conhece o conceito de retail design. O comerciante sabe das necessidades de seu estabelecimento por sua experiência e de seus colaboradores, como padeiros, açougueiros, caixas, entre outros, e faz as adaptações arquitetônicas de forma artesanal ou doméstica.
“Não buscam por uma empresa especializada porque não conhece o conceito ou porque não tem acesso. Mas, quando descobrem os benefícios do planejamento e do retail design para o seu negócio, não hesitam usar esta expertise no seu negócio”, acrescenta o empresário.
“O comerciante deve ficar de olho nas novidades do setor para não deixar seu varejo ficar para trás e acabar perdendo espaço para a concorrência. No caso dos supermercados, a automação, os serviços diferenciados, os restaurantes, os alimentos prontos são tendências na hora de montar um negócio moderno, que certamente irá conquistar a clientela”, finaliza o consultor.
Publicado por: O Estado de Mato Grosso
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